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PARA REPENSAR A PRÁTICA

Como trabalhar a mobilidade com os alunos?

Tema pode ser abordado de forma transversal para discutir questões que vão do direito à cidade aos impactos ambientais causados pelos meios de transporte

Ilustração ampla de cruzamento em uma cidade com diversas tecnologias para melhorar a mobilidade urbana. Escolas, postos de gasolina e abastecimento elétrico, ciclofaixa, ônibus, carros e outros elementos estão presentes na cena.
Ilustração: Pedro Hamdan/NOVA ESCOLA

Do direito de ir e vir pela cidade ao meio de transporte utilizado cotidianamente no trajeto até a escola. São muitas as esferas que compõem a discussão sobre mobilidade urbana e que afetam diretamente a vida dos estudantes, reforçando a importância de abordá-la em sala de aula.

Na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a mobilidade aparece em habilidades de diferentes componentes. Em Geografia, pode ser trabalhada com os alunos do Ensino Fundamental 2 visando desenvolver o raciocínio geográfico ou por meio da unidade temática “O sujeito e seu lugar no mundo” ou ainda em “Formas de representação e pensamento espacial”, explica Murilo Vogt Rossi, doutor em Ensino de Geografia e Cartografia pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). No Ensino Médio, cabe tanto em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas quanto em Ciências da Natureza e suas Tecnologias, por exemplo.

Para além das menções explícitas, o tema pode ser trabalhado de forma transversal pelas demais disciplinas. Conforme aponta Fransueli Bahr, mestra em Educação Científica e Tecnológica na área de Didática das Ciências pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), além da abordagem dos conceitos centrais de mobilidade, a BNCC prevê a coleta e análise de dados, a reflexão sobre os impactos ambientais, sociais e econômicos e propostas de ações concretas e inovações relacionadas ao tema.

Nesse sentido, Maria Ediney Silva, doutora em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP) e integrante do Time de Autores de NOVA ESCOLA, ressalta: “Tratar a mobilidade urbana a partir de uma perspectiva transversal favorece não apenas a compreensão da produção do espaço urbano, mas também, o entendimento da relação espaço–tempo. Em diálogo com outros componentes, pode abordar o valor do solo urbano, as diferenças de infraestrutura nas cidades, regras sociais para o bom convívio e transporte público”, exemplifica.

Colocando em prática

Para engajar os alunos com o tema, Haydée Svab, pesquisadora em Mobilidade Urbana e Cidades Inteligentes, sugere partir do cotidiano dos estudantes para pensar nas atividades, refletindo, por exemplo, sobre como eles se deslocam pela cidade. 

Outra ferramenta interessante é a construção de mapas a partir dos itinerários dos alunos, que podem suscitar perguntas como: “Será que a relação com o espaço urbano de quem usa transporte coletivo é a mesma de quem usa transporte individual?” Ou “a experiência de realizar determinado trajeto é a mesma para todas as pessoas, independentemente da cor de pele, do gênero, da idade e das características físicas?”

Nesse ponto, Haydée lembra a importância de se falar sobre acessibilidade. “Acessibilidade é a capacidade de ‘chegar’ aonde se deseja. Portanto, para que alguém ou alguma coisa saia de um lugar específico e chegue ao destino desejado, de forma efetiva, é preciso pensar conjuntamente em mobilidade e acessibilidade”, pontua.

Ainda sobre o trabalho com cartografia, Murilo Vogt sugere atuar com mapas de fluxo de rede, que ilustram o itinerário percorrido por pessoas, capitais, mercadorias e informações entre diferentes territórios.

Maria Ediney, por sua vez, aposta no uso de imagens que retratam a paisagem local. “O professor pode mostrar imagens de uma mesma avenida, por exemplo, em diferentes horários e, a  partir das diferenças observadas, estabelecer um diálogo sobre o uso do espaço, questionando as possíveis mudanças e permanências.” Ou, ainda, estabelecer um diálogo com a História ao comparar fotografias de diferentes épocas, demonstrando como as formas para se deslocar se modificam no tempo e no espaço.

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