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10 dicas para organizar o planejamento escolar

Do envolvimento de toda a equipe à organização da grade de horários, o início do ano é ponto-chave para começar a trabalhar com o pé direito

Discussões sobre a BNCC não podem ficar de fora do planejamento. Ilustração: Pablo Stanley/Humaaans

Antes mesmo do início das aulas, o coordenador pedagógico e os professores já enfrentam o primeiro desafio de 2020: o planejamento do ano letivo. Trata-se de um dos períodos mais importantes para os educadores, uma vez que grande parte das metas e projetos da escola será decidida nessas reuniões. 

O coordenador pedagógico do Ensino Fundamental 2 tem, em geral, um desafio extra: além da logística dos horários e da organização da grade de aulas, é preciso orientar os professores especialistas e propor estratégias para que os conteúdos das disciplinas também se relacionem. Confira dez dicas para concentrar os esforços no começo do ano e organizar o planejamento: 

1. Planeje o planejamento

Para otimizar o tempo, que na maioria dos casos é bastante limitado, a coordenadora pedagógica da EMEB Vereador José Avilez, Muriele Massucato, da rede municipal de São Bernardo do Campo (SP), recomenda dividir a equipe por subtemas durante as discussões e socializar os conteúdos e conclusões posteriormente. Ela também aponta a importância de fazer reuniões mensais para alinhar o que não deu tempo de ser combinado no primeiro planejamento. “Não adianta constatar só em novembro que os combinados não estão funcionando”, alerta.  

2. Prepare uma recepção interessante

Os professores retornarão em ritmo de férias e essa descontração pode ser usada para integrar a equipe. Que tal reservar um tempo para que todos possam contar, resumidamente, o que fizeram nas férias? Proponha que todos levem um lanche para compartilhar também. “Isso faz muita diferença para engajar a equipe”, diz Camila Zentner, coordenadora de Programas Educacionais na Secretaria de Educação de Guarulhos (SP). “É ruim usar muita formalidade e só apontar tudo o que precisa ser feito logo na chegada. Todos já sabem que os desafios são grandes e esse momento pode servir para o professor resgatar o que o faz querer ensinar”, orienta Camila. 

3. Envolva toda a equipe

Nada de se fechar em uma sala apenas com a equipe pedagógica. Haverá ocasiões para isso, mas é importante que em um primeiro momento toda a equipe escolar, sem exceção, se reúna para conversar, planejar e estabelecer combinados juntos. Funcionários da cozinha, limpeza, segurança, secretaria, estagiários e outros que possam estar em contato com os alunos devem ser ouvidos e integrados nos grandes projetos e metas da escola. Por exemplo, não adianta desenvolver um projeto sobre alimentação saudável e sustentabilidade se o lanche da cantina for desequilibrado e o lixo não for descartado corretamente. 

4. Apresente os resultados do ano anterior

Não comece o planejamento do zero ou copiando o que outras escolas fizeram. Os coordenadores do Ensino Fundamental 2 precisam estar sempre atentos aos dados de diversas avaliações: externas, internas de cada disciplina e autoavaliações da equipe e dos estudantes. Organize os dados recolhidos no ano anterior da maneira mais direta possível e apresente o levantamento para todos. Conversem sobre o que deu certo e sobre o que ainda precisa ser melhorado com base no projeto político-pedagógico (PPP).

5. Planeje projetos que envolvam todo mundo 

Ao lidar com professores especialistas em uma disciplina fica mais difícil para os coordenadores integrarem o currículo. Considere os dias de planejamento como de vital importância para que os docentes se reúnam para estabelecer paralelos entre seus conteúdos. A criação de projetos coletivos envolvendo várias disciplinas, turmas e até mesmo toda a escola é uma boa oportunidade para que os diferentes conteúdos não cheguem de forma isolada aos alunos. 

6. Aprendam juntos

Reuniões de fim de bimestre/trimestre e de planejamento são os momentos em que os gestores mais escutam os professores reclamar sobre problemas e dificuldades. Aproveite os momentos com toda a equipe para compartilhar conhecimentos. “Às vezes, um professor chega com reclamação muito grande e outro professor diz que está tudo bem”, comenta Marlúcia Brandão, diretora da EMEIEF Boa Vista do Sul, em Marataízes (ES). “Nesse caso, a gente senta junto e conversa sobre o que um professor está fazendo que traz bons resultados e que o outro ainda não faz.”

7. Conheça os alunos

A ansiedade e vontade de iniciar o ano pode ser grande, mas antes de definir aulas e ações muito específicas o professor precisa conhecer os alunos com quem vai trabalhar. Como em muitos casos as crianças chegam ao Ensino Fundamental 2 vindas de outras escolas, a surpresa do professor em relação à sua turma pode ser ainda maior. “Sem que a atribuição de turmas tenha sido feita, planejamos com base em um ideal, que nem sempre é real. A turma pode estar além ou aquém do que eu espero, pode ter alguém com necessidades especiais. Um planejamento antecipado vai exigir mudanças”, comenta Muriele. 

8. Realize o diagnóstico inicial

Uma possibilidade é estabelecer diálogo com a escola de origem das crianças. Peça que os antigos professores e coordenadores encaminhem um portfólio e relatórios de cada aluno (caso isso tenha sido organizado ao longo do ano anterior). Esses documentos ajudarão a escola de Fundamental 2 a saber quais caminhos os alunos já percorreram.  “A avaliação diagnóstica é o momento, o portfólio é o processo. O tempo no Fundamental 2 é corrido, mas é importante olhar, ouvir, conhecer aquela criança que está ali na sua frente, acreditar no que ela já construiu e em seu potencial”, orienta a coordenadora Muriele.

9. Converse sobre a BNCC

“Passamos por um período de formação e implementação da Base Nacional Comum Curricular [BNCC] e verificamos muitas possibilidades de melhorias”, comenta a diretora Marlúcia. Ela conta que quando um aluno muda de escola “é como se ele estivesse mudando de planeta”. Segundo ela, o problema é tão grande que essa sensação pode ocorrer até mesmo na mudança de uma turma para outra na mesma instituição. Caso todos os professores envolvidos no processo de ensino dos estudantes se apoiem no documento para planejar suas aulas, esse choque poderá ser amenizado. 

10. Monte a grade de horários

Dependendo de como for feita, a tarefa pode mesmo ser muito maçante. Mas o ano não começa enquanto a grade de horários não estiver feita. Aproveite os primeiros dias para consultar os professores sobre a disponibilidade de horário de cada um e conversar com acerca da necessidade de que todos sejam flexíveis para aceitarem possíveis mudanças ou imprevistos.

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