Para se inspirar

6 temas para trabalhar todo ano (e o ano todo)

Do Dia Internacional da Mulher ao Setembro Amarelo, listamos datas com potencial para discussões e aprendizados na escola

Confira dicas para trabalhar o 8 de março (e outras datas!) o ano todo. Ilustração: Duda Oliva/Nova Escola

As datas comemorativas e efemérides têm dias cativos no calendário. Mas muitas garantem tantas discussões, reflexões e possibilidades de aprendizado no ambiente escolar que podem render atividades ao longo de todo o ano. Fizemos uma lista de algumas que podem ter temas trabalhados durante todo o calendário escolar, confira:

Dia da Mulher (8 de março)

Por que é importante: Feminismo, equidade salarial, direito ao voto, feminicídio e violência de gênero. Todos esses temas tão em voga atualmente nos debates sobre a valorização do papel da mulher na sociedade podem ser discutidos numa programação extensa e contínua no ambiente escolar. Portanto, que tal também repensar as escolhas diárias no currículo escolar para, de fato, garantir a equidade debatida no mês do Dia da Mulher? 

Como trabalhar o ano todo: Exemplo: na aula de Literatura, existe a recomendação de escritoras na mesma proporção da de escritores? E se não há proporcionalidade possível, que tal colocar isso em discussão também? A mesma reflexão vale para as demais disciplinas/componentes curriculares.

Dia do Índio (19 de abril)

Por que é importante: O último Censo do IBGE (2010) estima que existam 305 povos indígenas diferentes, perto de 896 mil pessoas, distribuídos pelo território brasileiro e falantes de 274 línguas. A data é uma boa oportunidade  para ampliar o conhecimento sobre a diversidade das identidades dos povos indígenas presentes no país e deixar de lado a visão ultrapassada de que representam um grupo único. 

Como trabalhar o ano todo: Em sala, é interessante estimular a pesquisa sobre todos os povos existentes no país e destacar a heterogeneidade dos povos, que podem ser aldeados, urbanizados e também ainda não contatados, entre outros. Uma boa fonte de consulta é o site Povos Indígenas do Brasil, mantido pelo Instituto Socioambiental (ISA), e que reúne informações de mais de 250 etnias indígenas desde a década de 1980. Lá é possível pesquisar grupos por estado ou por família linguística e resgatar dados  sobre origens, história e hábitos culturais. Nas aulas de História, por exemplo, é possível discutir as origens da população indígena e as formas de resistência à colonização europeia. Em Geografia, um debate relevante é a questão da demarcação das terras indígenas e também a participação ativa dos povos na construção dos seus direitos. 

Dia da Consciência Negra (20 de novembro)

Por que é importante: O debate sobre as relações raciais, o preconceito e o racismo tem conquistado espaço nos último anos e garantido que mais reflexões sobre o tema cheguem também às escolas. Além disso, o Brasil é um país cuja maioria da população é negra e cujos índices de desigualdade racial ainda são muito altos. 

Como trabalhar o ano todo:  Analisar criticamente as escolhas em sala de aula é fundamental. O que está sendo feito para cumprir a Lei nº 10.639/2003 que estabelece o ensino da história e da cultura afro-brasileira e africana na Educação Básica? Quantos escritores negros aparecem nas aulas de Literatura? Como são as imagens dessa população presentes nos livros didáticos? A questão racial e o racismo são assuntos debatidos na escola? 

O professor Ícaro Trindade, que leciona História e Filosofia, no Centec Doctum, escola privada de João Monlevade (MG), realizou trabalho sobre o tema durante todo o ano de 2019 com alunos do 8º ano. A escola já possuía um projeto para debater anualmente um tema proposto para cada série. Por sugestão de Ícaro, o racismo foi o guarda-chuva para se discutir questões que impactam a vida da população negra do país, como discriminação e violência racial. Os alunos montaram um blog que agregou todas as atividades realizadas: redações, debates com convidados, referências bibliográficas e apresentação do projeto final para graduandos do curso de Direito do mesmo grupo de ensino. “As atividades abriram espaço, inclusive para discussões de conceitos atuais, como por exemplo, lugar de fala e lugar de escuta”, conta Ícaro.  

Setembro Amarelo (mês de prevenção ao suicídio)

Por que é importante: Falar sobre saúde mental e suicídio é essencial para quebrar o tabu em torno do assunto e promover ações de prevenção. As estatísticas do Sistema Único de Saúde (SUS) mostram que os casos subiram 12% em cinco anos no Brasil. Entre os adolescentes de 10 a 19 anos, o aumento foi de 18%. 

Como trabalhar o ano todo:  Para trabalhar o tema da saúde mental em sala de aula, coordenador pedagógico e professores devem se unir para desenvolver trabalho amparado por estudos, números, estatísticas, mas também, por especialistas na área, como psicólogos. A abordagem precisa ser cuidadosa e deixar de lado qualquer tipo de preconceito sobre o tema. “Trabalhar saúde mental em sala de aula não é apenas uma tarefa informativa, mas é também de acolhimento”, alerta Denise Rampazzo, doutoranda em Educação e professora do Instituto Singularidades.

Constituição de 1988 (5 de outubro)

Por que é importante: A Carta Magna do país completou 32 anos em 2020, mas seu conteúdo pode e deve ser trabalhado ao longo de todo o ano e também nos anos em que se completa uma efeméride (10 anos, 50 anos, 100 anos etc.)

Como trabalhar o ano todo: Além de contextualizar a importância histórica do documento para o Brasil, é possível fazer atividade em sala de aula sobre pontos contidos no documento que tem gerado discussões recentes no Congresso sobre pedidos de alterações na Constituição. Os alunos podem trazer reportagens sobre esses temas, e debater e entender os motivos pelos quais a Carta é defendida por alguns e recriminada por outros.

Dia do Folclore (22 de agosto)

Por que é importante: Como foi dito no texto sobre boas práticas no uso de datas comemorativas e efemérides, o olhar sobre as manifestações culturais regionais deve ser sempre estimulado entre os alunos. 

Como trabalhar o ano todo: Com o tema do folclore, além de citar as figuras já consagradas do cancioneiro nacional - saci, curupira, mula sem cabeça -, que tal instigar os alunos na busca por tradições, lendas, canções e costumes populares da comunidade, do bairro ou da região do entorno da escola? Uma oportunidade interessante para estimular o trabalho de investigação, pesquisa, discussão e representatividade - habilidades bastante desejadas pela Base Nacional Comum Curricular. 

Mais sobre esse tema