Para se inspirar

Olimpíadas 2020: como levar a competição para a escola

O megaevento, cuja sede será em Tóquio, pode ser gancho para debates em sala de aula

Em 2020, os Jogos Olímpicos acontecerão entre 24 de julho e 9 de agosto. Ilustração: Duda Oliva / Nova Escola

Um grande evento mundial, como é a Olimpíada 2020, pode ser um ótimo gancho para a escola trabalhar a interdisciplinaridade. Mais do que apenas enfeitar as salas com bandeirinhas dos países participantes ou liberar tempo no cronograma para o acompanhamento de competições, a escola pode elaborar um planejamento anual parrudo sobre o tema, costurando atividades de praticamente todas as disciplinas. Importante a mediação do coordenador pedagógico para que o desenho traçado pelos professores tenha conexões claras e com foco na aprendizagem e no desenvolvimento de competências.

Para Denise Rampazzo, doutoranda‌ ‌em‌ ‌Educação‌ ‌e‌ ‌professora‌ ‌do‌ ‌Instituto‌ ‌Singularidades, as especificidades dos Jogos podem gerar motes interessantes para estudos, pesquisa e debates. Por exemplo: ao longo da história, países em guerra participaram dos jogos? As olimpíadas foram paralisadas durante as guerras mundiais? Para Ciências da Natureza, o foco pode ser trabalhar em cima do tema doping: que substâncias são vetadas e por que, implicações destas no corpo humano e como os laboratórios ligados aos comitês olímpicos detectam tais elementos químicos.

Há ainda a chance de fundir as atividades de mais de uma data comemorativa, como Olimpíada e o Dia da Mulher, e promover reflexões bastante atuais: “É possível promover o debate sobre gêneros dentro dos Jogos Olímpicos”, sugere Catarina Iavelberg, assessora psicoeducacional especializada em Psicologia da Educação. Por que o modelo que separa homens e mulheres foi escolhido para os jogos? Questões biológicas podem ainda ser usadas para justificar a escolha? Da mesma forma, os Jogos Paralímpicos também podem gerar muitos insumos para embasar um projeto que discutirá inclusão e acessibilidade.

Além de debater temas históricos, culturais, sociais e científicos relacionados, a escola também pode aproveitar os Jogos para criar um projeto grande de esporte, saúde e bem-estar. Que tal realizar uma edição própria das Olimpíadas, com realização de competições, jogos e partidas entre os alunos? 

Rio 2016 

Em 2016, professores de Educação Física de escolas públicas de cidades brasileiras que sediaram os Jogos do Rio receberam capacitações para estudar e implantar a prática de esportes olímpicos e paralímpicos nas escolas, por meio do programa Transforma, como parte dos compromissos selados pelo Comitê Olímpico Internacional como legado dos Jogos.

Em São Sebastião do Paraíso (MG), o professor de Educação Física dos anos finais do Fundamental, Murilo Pessoni Neves, coordenou as atividades do programa na Escola Estadual Paraisense. “Até hoje, ainda colocamos em prática atividades esportivas com as quais tivemos o primeiro contato em 2016, como as partidas de rúgbi”, conta. Os aprendizados não ficaram apenas nas quadras da escola, já que as atividades também trataram dos benefício do esporte, importância de ter disciplina e do conceito de fair play. “Foi bem produtivo porque muitos temas eram novos aos alunos, como, por exemplo, a abordagem dos esportes paralímpicos, ainda mais porque nossa escola não tem alunos com deficiência”, conta.

Contextualizar historicamente, estimular o debate, atualizar temas e colocar os alunos para fazer atividade física: a temática olímpica pode oferecer muitas possibilidades de atuação dentro do ambiente escolar. Na avaliação do professor Murilo, a experiência de 2016 será importante para 2020: “Vai ser possível fazer um planejamento bem recheado de atividades que envolverão a minha área, mas também a dos professores das outras disciplinas, como já aconteceu no ano da Rio 2016”. 

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