3 saídas para desafios dos professores de Ciências na era das fake news
Como atuar de maneira instrutiva e empática com os alunos diante de notícias falsas e questionamentos anticiência
Seres microscópicos, ações e reações químicas, elementos que podem não estar - à primeira vista - presentes no cotidiano dos alunos. É com esse universo muitas vezes abstrato que o professor de Ciências precisa trabalhar a aprendizagem em sala de aula.
Além dos desafios de aprendizagem nos processos de investigação, formulação de hipóteses, interpretação de dados e explicação de evidências, o professor ainda precisa se preparar para contornar questões atuais da era da pós-verdade, na qual fatos objetivos importam menos do que a emoção e as crenças particulares.
Para apoiar uma atuação ao mesmo tempo instrutiva e empática do professor, NOVA ESCOLA entrevistou a bióloga e educadora Silvia Helena de Arruda Campos, que indicou algumas saídas para o dia a dia em sala de aula. Confira:
1. O aluno questiona fatos cientificamente já comprovados. E agora?
Assim como os cientistas, também os professores têm a obrigação de trazer a público informações e dados que mostrem as evidências do conhecimento científico. “Cabe ao professor a tarefa de apresentá-lo de forma clara e objetiva ao aluno. Vale também buscar suporte em outras ciências. Exemplo: se o aluno defender que a Terra é plana, vale buscar explicações na geologia, na ótica. A Ciência fornece todos os indicadores para rebater fake news”, explica Silvia Helena. Assim, a aparente saia-justa pode ser uma boa oportunidade para colocar em prática a investigação científica por meio de pesquisas, experimentos e confrontação de hipóteses.
2. A turma parece estar certa de que determinados argumentos falaciosos são reais. Como rebater fake news em sala de aula?
O professor pode pensar em atividades para reforçar com o grupo a importância da consulta a fontes confiáveis de informação, que também é parte do método científico. Nesse contexto, o tema falacioso pode ser tratado na aula. O importante é orientar os alunos a buscarem informações em fontes confiáveis: entidades e associações científicas, relatórios e estudos assinados por órgãos governamentais nacionais e internacionais, ou até mesmo em artigos jornalísticos publicados por veículos idôneos. “Outro ponto a se reforçar é a necessidade de checagem de dados em fontes variadas”, alerta Silvia.
3. Como trabalhar o ensino de Ciências quando o aluno rebate um tema científico com a própria crença religiosa?
“A partir do Ensino Superior, os indivíduos têm opinião própria, mas, antes disso, seguem a orientação familiar, que pode estar conectada à crença religiosa, por exemplo”, explica Silvia. Nesses casos, a educadora defende que o professor exponha a informação prevista para a aula, mas que também respeite a opção do aluno de não concordar com a explicação. “Sempre com uma abordagem de acolhimento; nunca de embate.”
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