Para refletir sobre a prática

WhatsApp: o que fazer e o que evitar

Para não sobrecarregar nem os professores, nem alunos ou as famílias, é preciso ser cauteloso ao pensar em como usar o aplicativo

Com combinados, o app pode ser um bom recurso neste momento. Ilustração: Caronte Design/Nova Escola

Antes mesmo da quarentena, os alunos do professor Gilson Franco, da EMTI Prof. Ademar Nunes Batista, em Fortaleza (PE), já estavam acostumados a estender o ambiente de aprendizagem para fora da sala da aula. Todos os dias, quando o sinal da última aula batia, os estudantes de 8º ano continuavam a debater as aulas, trocar informações sobre as tarefas e compartilhar descobertas pelo grupo de WhatsApp que eles mesmos decidiram criar. “Sempre fico maravilhado quando abro o grupo e vejo as trocas que eles estão fazendo”, afirma Gilson, que dá aulas de Língua Portuguesa e acompanha o grupo de discussão.

Em tempos de isolamento social por causa da pandemia de Covid-19, o WhatsApp pode ser ainda mais útil. Como mais de 90% dos brasileiros que possuem smartphone já utilizam o aplicativo, de acordo com o relatório Global Messaging Apps de 2019, não há necessidade de que pais, alunos e professores baixem e aprendam a lidar com outras plataformas. “Agora, na quarentena, o grupo está mais ativo do que antes e tem demonstrado eficácia. Eu envio os conteúdos e faço a mediação, e eles vão se ajudando o tempo inteiro”, conta o educador.

Cultura digital: uma competência da BNCC
A própria experiência de usar o aplicativo de maneira orientada pode ser pedagógica. O professor Gilson conta que, quando o grupo foi criado, as crianças provocavam brincadeiras, ofensas e postavam indiscriminadamente. “Mas, com muita conversa e fazendo combinados, elAs amadureceram, e mudaram de atitude”, afirma.

Esse tipo de aprendizagem encontra respaldo na BNCC: “Essa competência [de cultura digital] reconhece o papel fundamental da tecnologia e estabelece que o estudante deve dominar o universo digital, sendo capaz de fazer um uso qualificado e ético das diversas ferramentas existentes”, diz um trecho do documento.



Competência Geral 5 da BNCC 

"Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva." (Saiba mais sobre ela aqui)



E assim, com combinados bem estabelecidos, é possível dar início ao trabalho. Uma proposta possível para os anos finais do Ensino Fundamental é estabelecer a ideia de tutoria, com os professores se dividindo para acompanhar cada um um ano ou turma específico. Desse modo, evita-se que todos os professores estejam no grupo de todas As suas turmas – o que pode ser uma sobrecarga grande. “Essa é a fase autoral das crianças. Elas estão cheias de energia para criar. Então podemos usar os recursos para produzir vídeos, áudios, fotos e pequenas peças artísticas. Mas também é importante usar esse canal para ouvi-los, para que possam manifestar suas dores e alegrias nesse momento. Isso também é aprendizagem”, recomenda a diretora do Instituto Inspirare. Com o acompanhamento mais próximo de um professor é possível dar mais vazão a suas ansiedades.

Os demais professores podem seguir enviando suas atividades e videoaulas, mas o professor-tutor é responsável por repassar comunicados gerais e discutir temas mais gerais com a turma.

Envolvendo as famílias
Ter o apoio de pais e responsáveis é fundamental para o bom uso do WhatsApp, principalmente quando os alunos não possuem o próprio aparelho de celular. “É preciso negociar como os adultos podem ter acesso ao que está acontecendo no grupo dos estudantes e qual pode ser seu papel para contribuir com a aprendizagem deles", recomenda Anna. Ao concentrar as interações em um horário específico ou com tarefas bem claras, é possível que as famílias organizem sua rotina para possibilitar o uso do celular nos momentos de estudo.

Assim como os alunos, os pais também devem participar do estabelecimento de combinados. É importante decidir quais assuntos as famílias podem tratar por essa plataforma diretamente com os professores e quais não. Uma saída é propor que ela seja utilizada apenas para combinar atendimentos – por telefone ou videochamada – entre pais, famílias e, se possível, a gestão escolar. Também vale estabelecer um prazo claro para as respostas (de um dia, por exemplo). Desse modo, é menos provável que seu WhatsApp se transforme no destino de problemas e reclamações das famílias – sem deixar de considerar os retornos delas, que podem ser importantes para ajustar o trabalho nesse momento.

O QUE FAZER E O QUE NÃO FAZER AO USAR O WHATSAPP



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