PARA USAR COM A EQUIPE II

2ª reunião pedagógica: Como avaliar o trabalho com as crianças em 2021

A partir de um diagnóstico de como foi a experiência no contexto remoto para os pequenos, é possível planejar-se melhor para um retorno, ainda que parcial, às atividades presenciais

Ilustração de mesa com folhas, lápis, fotos e diagnósticos sobre o trabalho das crianças.
Ilustração: Nathalia Takeyama/NOVA ESCOLA

Durante os últimos 10 meses de ensino remoto emergencial, tudo precisou ser repensado: da prática pedagógica à rotina em tempos de pandemia. Agora, com a volta das atividades presenciais, identificar os efeitos do trabalho a distância com as crianças do Educação Infantil é um dos desafios para este momento de retorno.

Conforme orienta Joice Lamb, coordenadora pedagógica da EMEF Prof. Adolfina J. M. Diefenthäler, em Novo Hamburgo (RS), especialista em gestão escolar pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e consultora deste Box, é importante revisitar a documentação pedagógica de 2020. “Todos os registros feitos pelos professores, relatórios e as avaliações do último ano letivo são importantes. Além disso, nesta volta, que deve ocorrer de forma híbrida (com atividades presenciais e a distância), é necessário que haja uma integração maior entre a equipe docente. Todos precisam compartilhar seus registros, ajudando neste momento de avaliação do trabalho com as crianças”, explica a coordenadora. 

Mesmo que os pequenos não tenham participado de todas as atividades em 2020, muitos registros foram feitos e é importante valorizar suas conquistas. Essa documentação vai sustentar a escola na reflexão sobre a didática na Educação Infantil. 

“Fotos, vídeos, desenhos e escritos das crianças, tudo ajuda nesse planejamento. Esta etapa de educação está muito ligada ao ser, às aprendizagens da vida da criança. Isso significa entender, também, a realidade dela e como ela chega na escola”, diz Letícia Caroline da Silva Streit, assessora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação de Novo Hamburgo.

Independentemente da modalidade de ensino, ouvir as famílias e as crianças para planejar os instrumentos de avaliação é muito importante. De acordo com as duas especialistas, o fato de não terem participado de todas as atividades não significa que não houve aprendizado. Para pensar nesse planejamento, é preciso dar esse espaço de fala para as crianças. E aí, a partir disso, sondar quais as habilidades que elas desenvolveram e planejar por onde começar.

Veja, a seguir, um passo a passo concebido por Joice Lamb para conduzir a reunião de planejamento sobre avaliação. Cada escola tem uma realidade, mesmo dentro da mesma secretaria de ensino, e por isso é importante focar nessas especificidades para aproveitar da melhor forma o planejamento.

PARA O GESTOR: CONSTRUA COM A EQUIPE COMO SERÁ A AVALIAÇÃO DO TRABALHO COM AS CRIANÇAS
Confira um passo a passo para conduzir a segunda reunião pedagógica de 2021

Reunião anterior:
1ª reunião pedagógica: acolhendo os professores

Próxima reunião:
3ª reunião pedagógica: Preparando a acolhida dos pequenos


Indicado para: Gestores e educadores da Educação Infantil

Objetivo da reunião: Definir como será feita a avaliação do trabalho com as crianças na volta às atividades presenciais ou em um modelo híbrido de retorno


PASSO A PASSO

1. Reforce o papel do diagnóstico. Ao iniciar a segunda reunião do ano, comece explicando a importância de avaliar o trabalho com as crianças em 2020 para o planejamento das atividades neste novo ano. Oriente sobre como os registros feitos nos últimos meses serão utilizados e sobre a necessidade da integração entre as equipes para este retorno.

2. Investigue como foi o período remoto para as crianças. A sondagem talvez seja um dos pontos principais para a formulação dos diagnósticos feitos pelos professores. Oriente a equipe a investigar juntamente com as crianças como foi o período de isolamento até aqui, quais experiências elas tiveram, o que gostaram, ou não. “Muitas crianças não participaram de todas as atividades, mas isso não significa que não houve aprendizado. Elas aprenderam muitas coisas, e isso serve como referência para estabelecer os parâmetros de avaliação”, explica Joice. 

PONTO DE ATENÇÃO: Para esse esforço de sondagem, conversar com as famílias é fundamental. Estabelecer o diálogo com quem cuida dos pequenos, sempre levando em conta as várias realidades dentro da mesma escola, é determinante para que esse planejamento inicial, e a continuidade dele, seja mais completo. 

3. Fale sobre os instrumentos de avaliação. Como a escola vai avaliar o trabalho com as crianças e seu desenvolvimento em um modelo híbrido de retorno? As turmas que estão em casa farão atividades diferentes daquelas que estão no presencial? O que será priorizado nestes primeiros meses? É importante definir com os docentes quais registros darão suporte para avaliação.

4. Promova o trabalho em equipe. O momento de diagnosticar o aprendizado das crianças pode gerar muitas dúvidas, principalmente em tempos de pandemia. Por isso, estimular o compartilhamento das experiências de cada educador é importante. É papel da gestão estruturar espaços para que os dados e registros dos diagnósticos possam ser compartilhados e acessados por toda a equipe. Recursos do Google Drive e outras ferramentas digitais, como planilhas, já inseridos na rotina da escola podem ajudar. “É muito importante pensar no acompanhamento qualificado das crianças de maneira compartilhada e aberta. Se houver esse envolvimento coletivo, mais fácil será planejar o restante do ano”, pontua Joice. 

5. Forneça materiais de apoio. Organize materiais com sugestões de textos, vídeos, podcasts ou outros formatos que possam ajudar, tanto a gestão quanto toda a equipe da escola, no planejamento da avaliação. Uma boa sugestão são as edições de Nova Escola Box que trataram desse tema em 2020: “Como avaliar o trabalho com as crianças durante e após a pandemia”, publicada em agosto, e ”Organizando o fim do ano na Educação Infantil”, de dezembro.

6. Replanejar é preciso. As primeiras reuniões feitas no começo do ano não podem ser definitivas, principalmente no momento atual da Educação. Sendo assim, esses primeiros encontros devem ser focados num planejamento para os primeiros meses letivos. Após essa reunião, a gestão deve organizar outros momentos para avaliar o que foi feito e corrigir rotas com o corpo docente. “A gestão pode marcar outros encontros para discutir com os professores os resultados das avaliações. O momento atual gera muitas dúvidas e medos, por isso, quanto mais próximas as equipes estiverem, melhor para todos, principalmente para as crianças”, reflete Joice.

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