PARA RECEBER AS TURMAS

O que priorizar na primeira semana com os bebês e crianças bem pequenas

Confira dicas para organizar a recepção aos mais pequenos e garantir uma readaptação tranquila nos dias iniciais

Ilustração de cartaz/canvas organizacional para planejamento escolar. Na mesa, alguns objetos relacionados a Educação Infantil.
Ilustração: Nathalia Takeyama/NOVA ESCOLA

A volta dos pequenos à escola, especialmente dos bebês (zero a 1 ano e 6 meses) e crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses), exigirá muitas adaptações nas atividades presenciais. Todos os espaços devem ser preparados, pois quanto menor a criança, mais atenção ela vai precisar. Por esses motivos, os encontros para planejar esse início devem preparar a equipe de educadores com informações claras sobre o que pode ou não ser feito. 

Quais áreas serão priorizadas, como será feita a divisão das turmas e quem será responsável pelo que... estes são pontos a ser observados pela gestão. “É preciso olhar para esta jornada da Educação como um todo. Um dos principais desafios, principalmente neste contexto atual, é criar uma atmosfera com foco nas crianças, com locais bem-cuidados e seguros, mas que mantenham os eixos da Educação Infantil, que são as interações e as brincadeiras”, comenta Letícia Caroline da Silva Streit, assessora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação de Novo Hamburgo (RS).

Um ponto importante a ser observado neste retorno é o choro e a recusa de fazer alguma atividade. Algo natural para qualquer criança nos anos iniciais da vida, mas que talvez educadores inexperientes não estejam preparados. “Apesar de comum, nem todos os profissionais estão preparados para lidar com isso. A gestão precisa orientar as equipes, fornecer leituras e materiais teóricos que ajudem os educadores, principalmente os mais jovens”, comenta Helena Ruiz, professora do Instituto Vera Cruz e especialista do Time de autores da NOVA ESCOLA. 

Confira, abaixo, algumas dicas para organizar a primeira semana na creche e sobre o que priorizar com os bebês e crianças bem pequenas quando as atividades presenciais retornarem. 


Antes do início das atividades presenciais

Organização das rotinas
A gestão deve definir, juntamente com a equipe de educadores do berçário, da creche ou da escola de Educação Infantil, quais atividades serão realizadas, em quais horários, qual será o tempo de duração etc. Cada secretaria de ensino tem um plano de contingência com as orientações do que pode ou não pode ser feito neste retorno. 

Entretanto, as escolas precisam analisá-lo para fazer as adaptações necessárias de acordo com a sua realidade. “Apesar de receber menos crianças nesta volta ao presencial, vai ser preciso definir a divisão das turmas. Como será feita a divisão, quem será responsável, quais espaços serão mais ou menos utilizados neste momento. É importante que a gestão faça essa previsão e prepare as equipes, até mesmo para poder orientar as famílias”, explica Helena.

Planejamento das atividades
Muitos bebês e crianças bem pequenas estão há muito tempo longe das atividades da escola. É bem provável que elas sintam algum estranhamento no retorno. Por isso, é essencial que as atividades específicas de readaptação e acolhimento sejam bem planejadas. “Todas as ações precisam ser pensadas, desde a higiene até a alimentação. À medida que a permanência na escola aumenta, os ajustes vão sendo feitos. Porém, é importante pensar no bem-estar das crianças”, explica Karine Rezende, orientadora pedagógica da EMEIPI Profª Márcia Aparecida Faria, em Caçapava (SP).

Orientação de educadores novos ou mais inexperientes
A Educação Infantil é uma etapa muito peculiar, com características bem próximas, o que exige orientações específicas. Além do momento da acolhida da equipe docente, é preciso orientar os educadores inexperientes. É bom lembrar que, mesmo com a pandemia, novos profissionais chegam às escolas. Compartilhar materiais e indicações de leitura ou promover encontros em grupos com aqueles que têm mais experiência pode ajudar. 

Todas as equipes precisam estar preparadas
Além do corpo docente, a escola conta com profissionais que atuam na limpeza, na alimentação e em outras atividades. Essas pessoas também estão envolvidas na rotina da escola e, por isso, devem compartilhar das mesmas orientações. Apesar de não estarem diretamente ligadas às atividades pedagógicas dos bebês e das crianças bem pequenas, são importantes para que os protocolos sanitários e de segurança funcionem. 


Na primeira semana das atividades presenciais

Entreviste as famílias
O envolvimento das famílias é um dos pilares da Educação e o fortalecimento dessa relação deve ser estimulado sempre. Essa interação ajudou bastante durante o período de isolamento, e os benefícios continuam nesse retorno. “É importante entrevistar as famílias nos primeiros dias, para conhecer as crianças, para explicar sobre as adaptações necessárias. Neste ano, será preciso fazer uma entrevista de acolhida da criança mais focada, explicando todas as condições da escola e as rotinas para esse momento”, comenta Letícia. 

Karine Rezende reforça que, quanto mais informações houver das crianças melhor: “Com o que a criança gosta de brincar, quais são suas músicas e histórias preferidas, qual objeto de transição ela tem e deve ser trazido para a escola, principalmente nos primeiros dias. Os educadores precisam saber de tudo.”

Apresente os espaços às crianças
Seguindo o plano de contingência da escola e os protocolos sanitários e de distanciamento, é importante que as crianças conheçam as áreas da escola. Mesmo sendo bem pequenas, os espaços devem ser preparados para que elas possam explorá-los com o menor estranhamento possível. Os professores já devem estar preparados, sabendo quais áreas a circulação é permitida e o que pode ou não ser feito no espaço físico.

Atividades iniciais
A brincadeira e as interações são os eixos Educação Infantil. Por isso devem ser pensadas com a intencionalidade de acolher os pequenos e ajudá-los nestes dias de readaptação. Contação de histórias e momentos de interação entre as crianças podem ser planejados.

Atenção ao choro 
Os bebês e crianças pequenas estão há muito tempo em casa. A distância da família nos primeiros dias pode aumentar a possibilidade do choro ou, até mesmo, a recusa à alimentação e às brincadeiras. Para Karine Rezende, essa situação indica a necessidade de ações de adaptação mais intensas.

“Com a volta das crianças, essa possibilidade é maior mesmo, já que o tempo com a família foi extenso. As ações de acolhida nesse sentido devem ser intensificadas. Quando a criança chora, procuramos um adulto de referência para acolhê-la, oferecendo algo que possa despertar o interesse ou até mesmo levando-a a outros espaços, para que se sinta confortável e segura”, explica.

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