Atividades diárias 2: Momentos de brincadeira
A família não consegue estar disponível o dia todo para brincar, por isso é necessário explicar para os pequenos que existe hora de brincar sozinho e todos juntos
Durante o período de isolamento social, por mais que estejam em período integral com as crianças, muitos pais ou responsáveis não dispõem de todas as horas do dia para se dedicar exclusivamente a elas. Além disso, os adultos podem não conseguir acompanhar toda a energia dos pequenos. Quando a família se reunir para montar o mural da rotina dos moradores da casa, é importante explicar para que os adultos precisam separar algumas horas do dia para trabalhar e desenvolver outras atividades pessoais, e que, enquanto isso acontece, as crianças podem brincar sozinhas. Deixe claro também que haverá momentos em que todos brincarão juntos e sinalize-os no mural.
Brincadeiras sozinho ou com outras crianças
“O brincar é o maior recurso de aprendizagem que a criança tem. Às vezes, os pais se preocupam em colocar na rotina atividades e jogos muito detalhados, mas não precisa ser assim. Deixe a criança ter esse momento sozinha e escolher suas brincadeiras”, sugere Roberta Tavares Lopez, psicóloga clínica e educacional e terapeuta de crianças, adolescentes e famílias. Quando a criança brinca de faz-de-conta, por exemplo, desenvolve um jogo simbólico em que recria a realidade, o que estimula a criatividade e a interpretação do mundo real, ajudando no desenvolvimento cognitivo e afetivo. Nesse momento, instruções dos pais (salvo as de segurança) não são necessárias.
Cabe aos responsáveis ajudar as crianças a ressignificar os espaços para criar ambientes de aprendizagem. Um tapete ou uma almofada na sala se transforma na área de leitura; uma caixa de papelão no quarto, na casa das bonecas; e o quintal da casa, na quadra de esportes. No caso de bebês, separar potes de plástico da cozinha para que eles experimentem encaixar um dentro do outro os ajuda a desenvolver noções de maior e menor.
“Os responsáveis precisam pensar sobre o que podem proporcionar culturalmente dentro de casa: boas músicas, bons livros, um espaço para brincar, uma mesinha para pintura e desenho. Isso faz parte da cultura da infância, que infelizmente muitas famílias desconhecem”, comenta Roberta Rocha Borges, professora do programa de pós-graduação da Faculdade de Educação da Unicamp. Segundo ela, assim como os adultos, crianças precisam variar de ambiente, mesmo que dentro de sua própria casa.
Elas também podem ajudar guardando os próprios brinquedos, mas em alguns casos é preciso abrir mão da organização doméstica que a família considera ideal para proporcionar ambientes de brincadeira. “Nesse momento, os pais precisam compreender o ritmo e as demandas das crianças. Por isso, nem sempre será possível manter uma arrumação perfeita”, diz Clarissa Pereira, coordenadora pedagógica do Colégio Apoio, de Recife (PE).
Brincadeiras com a família
Para o bom desenvolvimento afetivo e social, também é importante reservar um tempo de qualidade com a família. “O mais importante não é ficar o tempo inteiro com a criança, mas desenvolver boas experiências relacionais quando isso ocorrer”, comenta Roberta Rocha. “Quando vai para uma instituição de ensino e quando tem contato com outros membros da família, os pequenos aprendem com diferentes pessoas sobre como se relacionar. Agora, isso cabe apenas àqueles com quem convive”.
Separe momentos da semana em que toda a família se reunirá para se divertir junto. Algumas opções são: ouvir músicas e dançar, jogar (ou até mesmo criar) um jogo de tabuleiro, montar um quebra-cabeça em família, pular corda. Jogos com dados e cartas são ótimos aliados para as crianças aprenderem números. Já o tradicional jogo Stop pode ser reinventado; por exemplo, sugira, “Procure na casa um objeto que começa com a letra O”. É importante que a criança perceba que tem a total atenção dos pais. Portanto, nada de responder mensagens do trabalho ou se ocupar de tarefas domésticas quando o horário estiver reservado para ela.
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