Planejamento

Como será o fechamento do ano em escolas de Educação Infantil?

Além dos preparativos para se despedir das crianças, montar portfólios e escrever relatórios, é preciso destacar os esforços de todos no decorrer de 2021 e celebrar as conquistas dos pequenos

Ilustração abstrata de professores conversando com portfólios, brinquedos e aparelhos esportivos ao redor.
Ilustração: Tayna Marques/NOVA ESCOLA

Oficina de ioga, noite do pijama, piquenique no jardim e exposições das produções feitas pelas crianças, tanto durante o ensino remoto quanto no presencial. Essas são algumas das propostas pensadas por professoras e gestoras de três escolas de Educação Infantil para encerrar 2021.

Mas, diante de um ano tumultuado, em que parte das atividades aconteceu no ambiente virtual e a outra no presencial, o que as educadoras da etapa devem levar em consideração para realizar um bom fechamento de ano? 

Em primeiro lugar, é preciso considerar que as aprendizagens não aconteceram apenas quando as crianças voltaram para as escolas, explica Karina Rizek, especialista em Educação Infantil e consultora da Avante Educação e Mobilização Social. 

É fundamental considerar que foi um ano com distanciamento e muitas idas e voltas, de modo que as escolas voltaram ao presencial, interromperam e voltaram de novo. É importante fazer esse reconhecimento e não acreditar que apenas o trabalho desenvolvimento depois que as escolas reabriram, de fato, é o que importa”, afirma. 

Fim de ano: momento de celebrar conquistas

Para Karina Rizek, além de pensar nos preparativos para se despedir das crianças, montar portfólios, redigir relatórios e realizar a última reunião do ano com as famílias, é preciso destacar os esforços de todos no decorrer de 2021. E também lembrar que foi um processo penoso para todos. “É importante garantir essa memória e não botar panos quentes, isto é, fingir que nada aconteceu”, sugere.

Ao mesmo tempo, a especialista garante que é necessário haver tranquilidade em relação ao currículo, uma vez que muitas escolas não puderam rever seus documentos e voltaram a trabalhar presencialmente sem fazer adequações em relação às metas de aprendizagem. Karina lembra, no entanto, que a própria Base Nacional Comum Curricular (BNCC) já estipula um tempo maior de aprendizagem para cada grupo etário, o que tende a ajudar bastante. 

No mais, ela ressalta que o fato de o ano ter sido atípico não deve mudar a forma como é finalizado: celebrando as conquistas. 

“As escolas precisam sair de um lugar de evidenciar a falta e ir para um lugar de evidenciar aquilo que as crianças aprenderam. É claro que as dificuldades devem fazer parte deste momento, mas a tônica da finalização dos trabalhos é de celebração das aprendizagens, principalmente em um ano como este, em que esse percurso de aprendizagem não foi perdido”, frisa Karina. 

Conheça, a seguir, três experiências reais de escolas de Educação Infantil neste fim de ano: 

Autonomia, pertencimento e ioga 

No CEI Semeando o Futuro, em São Paulo (SP), a diretora Caroline Milaré Campion lembra os desafios relacionados ao acolhimento e à participação das famílias na unidade escolar, que começou a receber as crianças presencial e gradativamente somente no segundo semestre deste ano. 

Antes disso, os professores registraram todas as atividades e aprendizagens por meio de fotos e vídeos em um diário de bordo, instrumento para documentar os acontecimentos do cotidiano escolar, como atitudes e falas das crianças, seus sentimentos, preocupações, frustrações e conquistas. 

Nesta reta final, cada professora tem construído sua própria proposta para encerrar o ano com a turma. “Com essa autonomia, tanto o profissional quanto a criança sentem-se pertencentes à proposta, é delas e para elas, e isso reflete o nosso fazer pedagógico, respeitoso e não imposto”, comenta a gestora.

Responsável por uma turma de 3 e 4 anos na unidade, a professora Vanessa Machado de Carvalho preparou uma oficina de ioga como parte das atividades de encerramento do ano. “Organizamos essa vivência com as famílias pensando na prática de ampliar a visão sobre seus filhos, pois é algo que já temos realizado no decorrer do ano e nos revelado o quanto as crianças estão mais conscientes de seus movimentos”, explica.

Ao final da prática, que será mediada por uma instrutora especializada, a educadora vai entregar um óleo essencial preparado para as crianças, com o objetivo de trazer conforto por meio do olfato, além de tornar mais especial o momento de transição delas da creche para a escola de Educação Infantil.

Festa do pijama e registros do ano 

Na Creche Baroneza de Limeira, também na capital paulista, as atividades de 2021 serão finalizadas com uma “noite do pijama” para as crianças de 5 e 6 anos, com direito à criação de pizzas, caça ao tesouro, fogueira com marshmallow e uma sessão de cinema. 

“É a primeira vez que vamos vivenciar uma experiência como essa na escola e alguns pais, inclusive, se voluntariaram para nos ajudar na organização desse evento. Toda a programação foi pensada com as crianças, desde o cardápio às atividades”, explica a diretora Ceila Pastório. 

Já a professora Viviane Zimmermann, que atua com crianças de 2 e 3 anos na EMEI Caracol, em Novo Hamburgo (RS), conta que, como neste ano foi realizado um trabalho de investigação acerca da produção de tintas com elementos da natureza, uma paleta de aquarela será entregue para cada criança ao final das atividades. Mas não só: as famílias vão receber um livro onde está registrada toda a trajetória do grupo em 2021.

“Estes momentos finais são muito importantes para as crianças e para nós, professores. Por isso, cabe conversar sobre o que está por vir, relembrar o que foi vivido e projetar continuidades do que as crianças podem fazer junto a seus familiares: brincadeiras, passeios ao ar livre e até continuar as investigações que viveram na escola. Essa paleta, com o livro, poderá servir como inspiração para momentos de muita pintura em família, por exemplo”, comenta.


Leia também
Portfólio: como juntar as produções em casa e na escola no fechamento do ano
Educação Infantil: 6 propostas para se despedir das crianças em 2021
Reunião com as famílias: dicas para organizar encontros on-line ou na escola

Mais sobre esse tema