Da Antiguidade a 2020, uma linha do tempo para mostrar que a ciência também é delas
Confira uma cronologia com 8 mulheres diretamente envolvidas com ideias, experimentos e hipóteses científicas relevantes para a humanidade
Não é tão fácil encontrar informações sobre esta mulher, mas uma pesquisa mais aprofundada revela que Aganice (ou Aglaonice) da Tessália era conhecida, há cerca de 2 mil anos, por controlar a Lua e fazê-la desaparecer do céu.
Na verdade, o provável é que ela pudesse prever, por meio de observações dos astros no céu, quando ocorreria um eclipse lunar em um local determinado. Hoje, Aganice é conhecida por ter sido uma das primeiras astrônomas que a História registrou.
Conhecer, redescobrir e visibilizar a presença e a contribuição das mulheres para os avanços e descobertas científicas é fundamental para a maior igualdade e também para desconstruir o mito de que os homens são mais aptos para as Ciências do que as mulheres - percepção que interfere também nas expectativas e horizontes de meninas e meninos na escola.
Mariana Nozella, professora do Fundamental 1 na EM Maria Thereza Silveira de Barros Camargo, em Limeira (SP), pensa nos benefícios para meninas e meninos ao visibilizar a presença das mulheres na Ciência ao longo do tempo: “Assim, as alunas ficam interessadas por Ciências e os alunos saberão que existem mulheres nessas áreas”, conta.
Confira:
LINHA DO TEMPO - Ciência das Mulheres
ANTIGUIDADE - 4000 a.C - 476 d.C.
100-200 - Aganice (Aglaonice)
O conhecimento de Aganice sobre os corpos celestes rendeu registros nas obras de Plutarco e Apolônio de Rodes. Muitos a consideravam uma verdadeira feiticeira, mas, provavelmente, seu poder de previsão de eclipses lunares, por exemplo, era fruto da observação.
415 - Hipátia de Alexandria
A matemática e filósofa esteve diretamente relacionada à famosa Biblioteca de Alexandria. Proeminente pensadora em sua época, Hipátia foi assassinada com requintes de intolerância religiosa. Suas contribuições sobreviveram nos registros de seus alunos e admiradores.
IDADE MÉDIA - 700 - 1500
Mariam al-Asturlabi
O astrolábio, usado para medir o tempo e a posição do Sol e das estrelas, revolucionou a navegação e a expansão marítima da humanidade. Extremamente habilidosa, a muçulmana de Alepo, norte da Síria, Maryam al-Ijliya, também conhecida como Mariam al-Asturlabi, aperfeiçoou a ferramenta na Idade Média, na mesma época em que um verdadeiro renascimento da ciência começava a acontecer graças à influência e aos registros de pensadores e cientistas muçulmanos.
Século 12 - Trótula (Trota) de Salerno
Médica, escritora e professora em uma das primeiras escolas de medicina medieval, foi uma das maiores autoridades reconhecidas em sua época no campo da medicina para mulheres. Trótula (ou Trota) produziu tratados médicos de ginecologia, obstetrícia e cosmética, amplamente divulgados na Europa. Uma característica bastante notável na época era a preocupação em abrandar o sofrimento do paciente. Suas contribuições, no entanto, passaram a ser questionadas e escamoteadas da história oficial, apesar de esforços recentes em resgatar sua biografia.
ERA MODERNA - 1500 - 1789
1647-1717 - Maria Sibylla Merian
Ilustradora científica e naturalista, Maria Sibylla Merian foi uma das primeiras a voltarem o olhar da Ciência para os insetos, os quais colecionava e observava desde a adolescência. Um dos destaques foi sua documentação da metamorfose das borboletas, que contribuiu decisivamente para o desenvolvimento do campo da entomologia.
1794-1821 - Jeanne Villepreux-Power
Antes mesmo de se tornar bióloga marinha, a francesa ficou bem famosa por criar o vestido de casamento de uma princesa de verdade. Após seu próprio casamento, mudou-se com o marido para a ilha italiana da Sicília, onde intensificou suas observações e estudos sobre os ecossistemas e a vida marinha. Uma de suas inovações foi criar um dos primeiros aquários para fins de estudo e pesquisa.
SÉCULOS 20 E 21
Sonia Guimarães
Primeira mulher negra a lecionar no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), Sonia Guimarães veio de escola pública e formou-se em Física na década de 1970, uma área até hoje com baixa presença feminina e negra. É uma das grandes divulgadoras da importância da presença das mulheres negras nas áreas de exatas e especialista em Propriedades Eletróticas de Ligas Semicondutoras Crescidas Epitaxialmente, campo que possibilita o desenvolvimento de tecnologia para celulares.
Katherine Johnson
Fundamental para que a humanidade fosse até a Lua na década de 1960, a matemática foi um dos “computadores humanos” que faziam os cálculos necessários para ultrapassar barreiras durante a corrida espacial. Sua história aparece no filme Estrelas Além do Tempo e sua contribuição ainda hoje é inspiração para meninas e mulheres interessadas no campo da exploração do espaço.
2021
Jaqueline Goes de Jesus
Na linha de frente da pesquisa sobre a covid-19 a cientista brasileira ganhou projeção em março de 2020, ao lado de Ester Sabino, por representar a equipe que sequenciou o genoma do coronavírus em 48 horas. A biomédica, pesquisadora do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP), é também divulgadora científica e promove discussões sobre a representatividade na área.
Margareth Dalcomo
Médica pneumologista e pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcomo é conhecida por quem acompanha o noticiário da pandemia de covid-19, doença sobre a qual ela é uma das maiores referências no Brasil. A médica tem feito trabalho importante, tanto no combate à doença no Brasil quanto na divulgação do cenário para a população em geral.
Abaixo, você pode baixar o texto em versão infográfica ou acessar em versão vídeo, para ler, assistir e compartilhar com seus alunos.
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