Ciências Humanas

História e Geografia: caminhos para avaliar no Fundamental II

Especialistas orientam como planejar cuidadosamente as avaliações. Veja um exemplo prático sugerido pela consultora Sherol dos Santos

Uma boa avaliação passa por bom planejamento das aulas remotas. Ilustração: Nathalia Takeyama/Nova Escola

Enquanto se preparam para um eventual retorno às aulas presenciais, ficam mais evidentes para os professores os desafios que eles terão para compreender como se deram os processos de aprendizagem longe das salas de aula. A distância alterou profundamente a dinâmica dos estudos e pede novas formas de avaliação. 

Para a educadora e consultora desta Série Especial em História Sherol dos Santos, ficou latente a necessidade de recolher de forma eficiente as evidências de aprendizagem. “É algo que fazíamos pouco no presencial. Na sala de aula existe um controle físico: ‘Guardem os celulares e façam o trabalho’. O professor tinha certa confiança nas respostas dos alunos. Agora não, eles estão em outro ambiente, têm acesso à internet, à mãe, à tia, à avó, aos livros, aos colegas no WhatsApp”, compara. 

Um erro que dificulta a obtenção de boas evidências é considerar que tarefa entregue é conteúdo aprendido. “Nos ambientes remotos, o simples fato de o aluno responder a um questionário é colocado como atestado de aprendizagem, mas é necessário estar atento: quais são as respostas? O que eu perguntei e o que ele respondeu?”, reflete Sherol. 

Diante disso, Sherol destaca a necessidade ainda maior de um planejamento meticuloso das avaliações: “Os professores precisam ser muito mais criteriosos e estratégicos para que as evidências de aprendizagem sejam evidências reais, não apenas uma entrega de tarefa”. O primeiro passo, destaca a educadora, é fazer um bom planejamento das aulas remotas que ainda serão dadas para que se possa recolher as evidências necessárias. 

“Sabemos que existem escolas e professores com realidades muito distintas: tem professores que estão conseguindo fazer atividades, com bom acesso dos alunos aos ambientes virtuais, e isso facilita a coleta dessas evidências de aprendizagem. Mas o mais importante é que fique nítido, desde o planejamento, qual o objetivo de cada atividade”, ressalta. 

Esse é o caminho, mas também a grande dificuldade dos docentes, especialmente em História e Geografia, áreas nas quais ainda é muito presente a cultura dos questionários, das grandes listas de perguntas e das longas aulas expositivas. “A partir do momento em que se elabora uma rubrica em que está nítido o que esperar daquela avaliação, é possível avaliar o aluno para além da nota, e sim, pela habilidade que ele foi capaz de desenvolver com a atividade proposta”, afirma Sherol. 

Ciências Humanas: dicas para avaliar do 6º ao 9º ano 

1. Entenda que o contexto remoto mudou a dinâmica de aprendizagem e pede novas formas de avaliação.
2. Fique atento: só a entrega das tarefas no ambiente remoto não significa que o conteúdo foi aprendido.
3. Redobre os cuidados com o planejamento das aulas a distância e tenha nítidos quais são os objetivos de aprendizagem.
4. Procure avaliar o aluno para além da nota e valorize as evidências das habilidades que ele desenvolveu com a atividade.
5. Não existe fórmula pronta ou que funcione para todos os casos. Converse com a gestão escolar e com os colegas para definir o melhor processo para a sua turma.

A seguir, você verá um exemplo de como se pode planejar uma avaliação diagnóstica. A pedido de NOVA ESCOLA, Sherol propôs uma estratégia a partir da Sugestão de Atividade: a conquista espanhola pelo olhar dos ameríndios, publicada na Caixa de História desta Série Especial. Não custa lembrar: este é apenas um exemplo para você construir a sua própria estratégia, já que, em avaliação - e em Educação, de forma geral - é preciso considerar a realidade da sua turma.

EXEMPLO DE AVALIAÇÃO EM HISTÓRIA  

Como obter um diagnóstico da turma após estudo sobre a América Espahola


Indicado para: Turmas do 7º ano 

Atividade avaliada: Sugestão de Atividade: a conquista espanhola pelo olhar dos ameríndios, publicada nesta série especial


PASSO A PASSO

1. É possível fazer três tipos de avaliação para essa atividade: Debate, avaliação por pares e avaliação formal por escrito.

2. Para o debate, é fundamental ter em mente o objetivo da discussão: Neste caso, é trazer à tona os conflitos entre colonizadores e colonizados. Portanto, tenha previamente definidos pontos que orientem o debate dos alunos.

3. Diante das questões expostas pelos alunos, já é possível fazer uma avaliação diagnóstica: Observando quais conflitos que a turma, de maneira geral, menciona é possível perceber o que os alunos lembram dos conteúdos anteriores e os detalhes e características desses conflitos que chamam atenção deles.

4. Com base no que os alunos dizem, faça os comentários preparados previamente que levem à discussão para o objetivo central: Mostrar que todo conflito tem dois lados. 

5. Ainda no debate, entra em cena a avaliação por pares: Durante a discussão, estimule os alunos a fazerem relatos do que estão ouvindo dos colegas. 

6. Observe atentamente quais as indagações que eles fazem uns aos outros: Como eles relacionam os acontecimentos trazidos por eles mesmos com os levantados pelos colegas? 

7. Nessa etapa, permita que a própria turma debata: Enquanto isso, você recolhe as evidências de como eles estão pensando o processo. 

8. Por fim, ao final do debate, peça aos alunos que produzam um texto, de forma livre: Pode ser uma carta, um poema, uma narrativa - algo que gere evidência individual de aprendizagem. 

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