O que mudou

Compare: as mudanças dos PCNs para a BNCC em Matemática

Quais alterações estão presentes na Base Nacional Comum em relação aos Parâmetros Curriculares Nacionais

BNCC contempla mais duas unidades temáticas para o ensino de Matemática. Ilustração: Rita Mayumi/Nova Escola

Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, além de NúmerosGeometria e Grandezas e Medidas, aparecem duas unidades temáticas novas: Álgebra e Probabilidade e Estatística. Antes, os conteúdos relacionados a essas unidades só apareciam nos anos finais do segmento. Abaixo, mais informações sobre cada delas. 


Álgebra

Como era nos PCNs
A Álgebra estava contemplada no bloco de números e operações, trazendo como principais conteúdos a utilização de representações algébricas para expressar generalizações sobre propriedades das operações aritméticas e regularidades observadas em sequências numéricas, a compreensão da noção de variável pela interdependência da variação de grandezas e a construção de procedimentos para calcular o valor numérico de expressões algébricas simples. Isso aparecia a partir do 7º ano e não tinha nenhuma construção anterior ou posterior das habilidades do pensamento algébrico.

Como ficou na BNCC do 1º ao 5º ano
Agora, a álgebra compõe um dos cinco eixos temáticos apresentados pela Base. Há um foco no pensamento algébrico e não nas operações algébricas, especialmente nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Os conteúdos se relacionam à percepção e ao estabelecimento de padrões e regularidade, às propriedades das operações e ao sinal de igualdade, às ideias de proporcionalidade e equivalência, entre outros.

Como ficou na BNCC do 6º ao 9º ano
As equações não são mais trabalhadas de forma exaustiva nos 8o e 9o anos. A ênfase é dada à capacidade de resolver situações-problema utilizando o pensamento algébrico, e isso pode ou não envolver equações e inequações.

 
Geometria

Como era nos PCNs
O eixo era apresentado com a denominação de Espaço e Forma e era focado na geometria clássica, axiomática e suas relações internas. Não havia qualquer ênfase às aplicações e relações da geometria com o espaço vivenciado pelos alunos.

Como ficou na BNCC do 1º ao 5º ano
Os conteúdos relativos à geometria clássica continuam presentes, mas há uma ênfase na geometria das transformações, desde as séries iniciais até as finais do Ensino Fundamental. Alguns conteúdos passam a ser tratados já nas séries iniciais (plano cartesiano, simetria e semelhança, por exemplo, entram a partir do 5 o ano). Além disso, a Base sugere o desenvolvimento de habilidades como “identificar movimentações de pessoas e objetos no espaço e suas representações no plano”, algo que não aparecia nos PCNs.

Como ficou na BNCC do 6º ao 9º ano
Algoritmos e fluxogramas passam a ser tema das aulas de Geometria a partir do 6o ano. Fluxogramas aparecem como forma de identificar os passos necessários na resolução de problemas geométricos, a exemplo das construções de polígonos e transformações no plano. Além disso aparece também para estruturar a classificação de figuras utilizando para isso as organizações próprias dos fluxogramas.


Números

Como era nos PCNs
Compunha o eixo de números e operações, desmembrado na proposta da BNCC. Englobava toda a parte de álgebra e propriedades operatórias, deixando de focar especificamente nos significados dos entes numéricos e das operações. A estrutura de ampliação gradativa dos conjuntos já existia, mas com menos foco na construção dos números (inteiros como compostos por fatores primos, frações como relações de inteiros em diversos significados e reais como referências aos pontos da reta).

Como ficou na BNCC do 1º ao 5º ano
A proposta é que o aluno perceba a existência de diversas categorias numéricas e compreenda os diferentes significados das operações matemáticas, sendo capaz de construir estratégias de cálculo, de cabeça, sem necessariamente escrever os algoritmos.

Assim, para fazer uma adição, ele precisa saber o que significa adicionar números, que é preciso somar unidades com unidades, dezenas com dezenas, conhecer alguns resultados de cor (como 3 + 7 = 10), saber que há o reagrupamento (5 + 9 = 4 unidades e 1 dezena) etc.

Como ficou na BNCC do 6º ao 9º ano
Um conceito novo na ideia de números é a progressão no ensino das frações, destacando as diferentes concepções da fração, como número (elemento dos racionais), operador (aplicado a inteiros discretos ou contínuos) ou representante de relações (entre parte e todo ou razão entre partes).


Grandezas e medidas

Como era nos PCNs
Não passou por nenhuma mudança em relação à sua denominação. Em relação ao conteúdo, o eixo temático não incluía com tanta ênfase as medidas não convencionais, essenciais para a compreensão global do conceito de medida e de suas aplicações no contexto social.

Como ficou na BNCC de 1º ao 5º ano
As noções de comprimento, massa, capacidade, área e temperatura estão colocadas desde os anos iniciais. A ideia de volume (grandeza associada a sólidos geométricos) é introduzida a partir do 5º ano.

Como ficou na BNCC de 6º ao 9º ano
O foco é a resolução de problemas envolvendo medidas e medições, compreendendo que medir é comparar um inteiro contínuo com diferentes unidades, padronizadas ou não. As figuras planas aparecem com mais destaque nessa etapa do ensino.


Probabilidade e estatística

Como era nos PCNs
Eixo anteriormente chamado de Tratamento da Informação. Era mais voltado para a análise e interpretação de resultados estatísticos, apresentados em gráficos e tabelas, medidas de tendência central e dispersão.

Como ficou na BNCC do 1º ao 5º ano
A ênfase está na pesquisa para a coleta, organização e comunicação de dados em tabelas, gráficos e quadros, desde os anos iniciais. O estudo das medidas estatísticas é voltado mais para sua interpretação do que para o cálculo. Há também uma atenção à relação entre a probabilidade clássica e a frequentista.

Como ficou na BNCC da 6º ao 9º ano
A interpretação e a elaboração de gráficos mais complexos, que antes acontecia apenas no Ensino Médio, já é tratada como objeto de conhecimento a partir do 6o ano.


Fontes
Cristiane Chica, gestora pedagógica do Mathema
Fernando Barnabé, diretor da Orez Educação
Luciana Tenuta, consultora na área de formação de professores de Matemática — Ensino Fundamental e Médio

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