Volta às aulas

De máscara e sem abraço, mas com muita emoção: o retorno ao presencial de professores e alunos em 2021

Professoras do Amapá e de Minas Gerais compartilham como está a reconexão com as turmas e os desafios do novo capítulo da reabertura das escolas no Brasil

Ilustração abstrata de alunos utilizando os celulares ao redor da palavra carinho.
Ilustração: Thiago Lopes (Estúdio Kiwi)/NOVA ESCOLA

O retorno às aulas presenciais em 2021, aliado ao avanço da vacinação, está permitindo aos poucos reviver a convivência e a conexão entre alunos,  professores e equipe gestora nas escolas do Ensino Fundamental. É um novo capítulo para os educadores e para a comunidade escolar, ainda sem abraços e de máscara, mas carregado de emoção. 

Voltar para a escola com saudade dos alunos, descobri-los mudados, mas reaprendendo a conviver e a se reconectar com o espaço escolar, tem sido parte das experiências dos educadores ouvidos no Especial Dia dos Professores no Nova Escola Box. 

Há histórias como a dos professores de Matemática do interior de São Paulo que atuam na mesma escola e dividiram a casa (e a família) com os alunos na quarentena. Ou ainda a força da comunidade de uma escola de Porto Alegre (RS), na qual equipe gestora e professores atuaram juntos em prol de todos. Você pode conferir todos os conteúdos nos links abaixo:


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Conexão aluno-professor na volta à escola

O retorno para o espaço escolar no Brasil, como a vacinação, está acontecendo em ritmos diferentes em cada estado. Entre os desafios já detectados, estão o afastamento prolongado da convivência na escola, o agravamento das desigualdades educacionais e a nova transição do ensino remoto emergencial para as salas de aula. 

“Ajudei na entrega de material na casa de cada aluno durante o período da escola fechada, mas isso não era suficiente. Todos nós estávamos com saudade de estarmos na sala de aula juntos, mesmo com distanciamento”, conta Cida Furtado, 56 anos, professora de Artes do 6º ao 9º ano na E.E. Dr. Pompílio Guimarães, em Leopoldina (MG). 

“Mesmo com todos usando máscaras consegui ver o sorriso de cada aluno”, lembra Cida, que retornou para a sala de aula em 9 de agosto e ficou surpresa com o engajamento das turmas nas discussões e conversas. “Percebi que estão mais falantes, mas não no sentido de atrapalhar a aula. É algo mais profundo, eles querem conversar com os professores, com os colegas”, analisa. 

Celular e mensagens seguem como ferramentas na reabertura 

Como nem todos os alunos retornaram e também por conta do modelo híbrido adotado, o celular continua como ponte para orientações e atividades entre as turmas e Cida, que entregou materiais em casa durante a quarentena com o resto da equipe da Pompílio Guimarães. No modelo parcialmente remoto da rede, há uma semana presencial na escola em alternância com outra de atendimento remoto. 

O rigor dos alunos com os protocolos sanitários foi outra boa surpresa notada no retorno pela professora, que considera esse zelo com a saúde a maior demonstração de carinho por parte dos estudantes. “Em tempos de pandemia, pensar como a sua postura vai afetar o outro é empatia – e tenho visto isso com frequência na escola”, diz ela.


Como está a volta às aulas presenciais no Brasil?  

- De acordo com dados da Unesco, há diferenças regionais no status das aulas no Brasil, que permaneceu em regime remoto de março de 2020 até maio de 2021. 

- Atualmente, a maior parte das escolas das regiões Sul e Sudeste retomou ou está retomando as aulas presenciais no modelo híbrido. 

- A organização alerta, porém, para estados das regiões Centro-Oeste e Norte, onde as aulas não voltaram nem de forma presencial nem híbrida. 

- A partir de junho de 2021, todos os estados iniciaram a vacinação dos profissionais da Educação, ainda que parcialmente. 

- A vacinação dos adolescentes entre 12 e 17 anos também foi iniciada a partir de setembro.

Fonte: Situação da educação no Brasil (por região/estado) / Unesco


Alunos tímidos, mas com vontade de se reconectar 

Em Maceió (AL), a professora Elisa Vilalta, 51 anos, voltou para a EM Arnon Afonso Farias de Melo em agosto. 

A rotina – no formato híbrido, com escalas entre os alunos  está se encaixando nos eixos pouco a pouco. 

Ainda há entraves nos relacionamentos, desafios que a escola procurou enfrentar com muito acolhimento. “Procuramos acolher esses adolescentes que não sabiam mais como agir dentro da escola. A direção começou a recebê-los todas as manhãs com uma bandeja de frutas, sinal de boas-vindas”, exemplifica Elisa, que dá aula de História para as turmas do 6º e do 7º ano na escola e também atua no Ensino Médio e na Educação de Jovens e Adultos (EJA). 

Inicialmente, três grupos de uns 12 alunos revezavam-se diariamente na escola, medida tomada diante da apreensão compartilhada pela comunidade escolar com relação à volta. 

Nos primeiros dias de aula, ao notar que os alunos estavam tímidos, pouco falantes e participativos, a professora optou por atividades diferentes e experiências socioemocionais, em vez de focar apenas em passar pelos conteúdos nas aulas. 

“Os alunos foram se soltando e demonstrando a falta que estavam sentindo da própria rotina escolar. Perguntavam o tempo todo se iam escrever nos cadernos e quando iriam receber os livros didáticos. Pouco a pouco, a rotina está voltando ao normal, mas ainda temos alunos bem tímidos e com dificuldades de se relacionarem com os colegas”, conta. 

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