Espaços, Tempos, Quantidades, Relações e Transformações: a medida das coisas
Os conhecimentos sobre as relações humanas aliadas à introdução ao espírito científico estão no foco desse campo de experiência
Ajudar os bebês e as crianças a darem os primeiros passos rumo aos conhecimentos matemáticos, ao espírito científico e à atitude de descoberta e aprendizagem permanente é o objetivo do quinto campo de experiência proposto pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) da Educação Infantil, sintetizado nas palavras Espaços, Tempos, Quantidades, Relações e Transformações.
Ao mesmo tempo, a ideia é de que os pequenos possam também começar a acessar conhecimentos sobre as relações humanas, a família, o parentesco e os costumes socioculturais, sem deixar de lado a diversidade. “Os educadores devem promover experiências em que as crianças possam manipular, conhecer, observar, investigar e explorar os conhecimentos do mundo físico e sociocultural”, explica a autora e coordenadora pedagógica Aline Castro.
Em São Caetano do Sul (SP), a educadora Iara Félix, da EMEI Octávio Tegão, aproveitou o tempo no parquinho para promover uma atividade de exploração e construção de materiais em larga escala com a turma de crianças pequenas. “Proporcionar essa atividade para as crianças é sempre muito agradável e surpreendente. Vê-las interagindo com os objetos e atribuindo diferentes significados a eles é, no mínimo, encantador, pois revela sua criatividade e o desenvolvimento de sua apropriação cultural”, diz a professora.
Assim, explorar e incentivar a curiosidade natural da primeira infância é uma das premissas do campo de experiência, bem como promover experiências que construam noções espaciais relativas a uma situação estática (perto/longe) ou dinâmica (para frente/para trás), noções de tempo físico (dia/noite/estação do ano etc.), cronológico (hoje, ontem, amanhã etc.) e histórico (“na época do Natal”, “no tempo antigo”). O campo também incentiva a criação de situações-problema em contextos lúdicos, nas quais as crianças possam ampliar, aprofundar e construir novos conhecimentos sobre medidas de objetos, de pessoas e de espaços, compreender procedimentos de contagem, aprender a adicionar ou subtrair quantidades aproximando-se das noções de números e conhecendo a sequência numérica verbal e a escrita. Diz o documento:
“As crianças vivem inseridas em espaços e tempos de diferentes dimensões, em um mundo constituído de fenômenos naturais e socioculturais. Desde muito pequenas, elas procuram situar-se em diversos espaços (rua, bairro, cidade etc.) e tempos (dia e noite; hoje, ontem e amanhã etc.). Demonstram também curiosidade sobre o mundo físico (seu próprio corpo, os fenômenos atmosféricos, os animais, as plantas, as transformações da natureza, os diferentes tipos de materiais e as possibilidades de sua manipulação etc.) e o mundo sociocultural (as relações de parentesco e sociais entre as pessoas que conhece; como vivem e em que trabalham essas pessoas; quais suas tradições e seus costumes; a diversidade entre elas etc.). Além disso, nessas experiências e em muitas outras, as crianças também se deparam, frequentemente, com conhecimentos matemáticos (contagem, ordenação, relações entre quantidades, dimensões, medidas, comparação de pesos e de comprimentos, avaliação de distâncias, reconhecimento de formas geométricas, conhecimento e reconhecimento de numerais cardinais e ordinais etc.) que igualmente aguçam a curiosidade. Portanto, a Educação Infantil precisa promover experiências nas quais as crianças possam fazer observações, manipular objetos, investigar e explorar seu entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de informação para buscar respostas às suas curiosidades e indagações. Assim, a instituição escolar está criando oportunidades para que as crianças ampliem seus conhecimentos do mundo físico e sociocultural e possam utilizá-los em seu cotidiano.”
BNCC, disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase/#infantil/os-campos-de-experiencias. Acesso em: 3 de setembro de 2020.
Caixa misteriosa
Ana Paula Souza Borges, professora da CEI Professora Odila Azevedo Marques Paiva, em Extrema (MG), bolou uma atividade que estimula, por meio da tentativa e do erro, a exploração manual de diferentes tipos de brinquedos e de objetos. Ana Paula pegou uma caixa e, dentro dela, colocou diversos brinquedos. Na parte superior da caixa, Ana Paula prendeu vários fios, de modo que ficassem entrelaçados. A ideia era de que as crianças tentariam retirar os brinquedos da caixa e, por causa dos fios, alguns objetos sairiam com mais facilidade do que outros. “Eu previ que, dependendo da idade, algumas crianças conseguiriam pegar os brinquedos mais facilmente", explica a docente. "Mas eu me surpreendi com o resultado: quase todas as crianças conseguiram retirar os brinquedos da caixa”, lembra. Além de não desanimar, aproveitou o aprendizado para confeccionar um novo material com um nível maior de dificuldade para que eles conseguissem alcançar os objetivos da atividade.
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